Aclimatação

ACLIMATANDO UM NOVO PEIXE NO SEU AQUÁRIO

A finalidade de aclimatação é simples: a água que o peixe ou corais são embalados sempre tem diferentes parâmetros de temperatura, pH, salinidade e que o seu aquário. Peixes, e especialmente invertebrados (incluindo corais), são muito sensíveis a alterações, mesmo menores nestes parâmetros, de modo à aclimatação adequada é a chave para garantir a sua manipulação de sucesso.
Você investiu tempo e dinheiro pesquisando as exigências do habitat dos peixes e corais que você deseja para seu aquário. Naturalmente, você quer proteger esse investimento através da execução de um processo de aclimatação adequado sempre que comprar novos peixes ou corais.
A finalidade de aclimatação é simples: Tenha sempre em mente que a água dos peixes ou corais que são embalados para transporte tem diferentes parâmetros ( temperatura, pH, salinidade, ETC...) quando comparados com os parâmetros que do seu aquário. Peixes, e especialmente invertebrados (incluindo corais), são muito sensíveis às menores mudanças nesses parâmetros, de modo que a aclimatação adequada é a chave para assegurar a saúde e aumentar a taxa de sobrevida durante o processo de deslocação dos animais da loja, ou aquário de algum amigo até o seu aquário. Lembre-se, nunca um aquário é igual ao outro, mesmo que inicialmente tenham sido montados com a mesma água, ou as TPA’s sejam feitas com a mesma água, as condições físico-químicas do aquário dependem de vários fatores, tais como: quantidade de animais que habitam o aquário, tipo de espécie, tipo de alimentação etc...
Portanto sempre devemos considerar um processo de aclimatação adequado, mesmo quando mudamos peixes de nossos próprios aquários entre si, pois muitos aquaristas que possuem vários aquários negligenciam este processo cometendo o erro de achar que todos os seus aquários são “iguais” apenas por terem sido montados com a mesma água.
Recomendamos qualquer um dos dois métodos de aclimatação explicados abaixo, e gostaria de lembrá-los que o processo de aclimatação nunca deve ser apressado . Além disso, lembre-se de manter as luzes do aquário apagadas durante pelo menos quatro horas após os espécimes serem introduzidos no aquário para ajudá-los a ajustar ainda mais, desta forma as novas espécies serão menos perseguidas por outros habitantes do aquário.
Apesar de não ser uma exigência dos nossos procedimentos de aclimatação, é altamente recomendável que toda a vida aquática deva ser colocada em quarentena em um aquário separado por um período de duas semanas para reduzir a possibilidade de introdução de doenças e parasitas em seu aquário e para garantir que eles estão aceitando comida, comendo corretamente e estão em ótima saúde antes de sua transição final para o aquário principal.

MÉTODO POR FLUTUAÇÃO

Desligue as luzes do aquário.
Apague as luzes na sala onde a caixa de transporte será aberta. Nunca abra a caixa sob luz - o estresse grave ou trauma podem resultar da exposição repentina à luz brilhante, imagine-se dentro de um quarto escuro onde as luzes são acessas repentinamente, para animais sensíveis este ato pode causar graves consequências.
Deixar flutuar o saco fechado no aquário por 15 minutos. Nunca abra o saco de transporte neste momento (após aberto o saco, todo o gás carbônico produzido pela respiração dos peixes e atividade metabólica das bactérias presentes na água de transporte sai para a atmosfera acelerando o processo de alteração do PH) Este passo permite que a temperatura da água no saco de transporte possa adaptar-se lentamente para a temperatura no aquário, mantendo ao mesmo tempo um elevado nível de oxigênio dissolvido, e relativamente poucas alterações físico-químicas na água do transporte.
Após o período em que o saco de transporte fechado flutuou, abra o saco e dobre a extremidade superior do saco para baixo para criar uma bolsa de ar no interior das bordas, isto irá permitir que o saco flutue na superfície da água. Para peças pesadas de coral vivo que o peso irá afundar o saco de transporte, coloque o saco com o coral em uma tigela de plástico ou recipiente da amostra e prenda-o a borda do aquário.
Adicione aproximadamente 1/2 da quantidade de água contida no saco com água do aquário se necessário tire um pouco de água do saco de transporte para facilitar esse processo.
Repita o processo a cada quatro ou 5 minutos minutos até que o saco de transporte se encha totalmente.
Retire o saco de transporte do aquário e descarte metade da água do saco.
Deixe flutuar o saco de transporte no aquário novamente e continue a adicionar 1/2 da quantidade de água do aquário para o saco de transporte a cada quatro ou cinco minutos até que o saco esteja cheio.
Remova a embalagem de transporte cheia do aquário e descarte a água, então solte os animais no aquário. Nunca solte água do transporte diretamente no aquário, evitando assim a introdução de matéria orgânica ou possíveis parasitos no aquário.

MÉTODO POR GOTEJAMENTO

O que é a aclimatação por gotejamento?
Como o nome indica o método de aclimatação por gotejamento, introduz água do aquário a uma fluxo controlado de poucas gotas por segundo. Este controle de precisão minimiza muito estresse sobre os novos peixes. Aclimatação por gotejamento geralmente envolve um dispositivo de sifão e um dispositivo para regular a entrada de água do aquário nos recipientes com os recém-chegados (podem ser utilizadas as mangueiras de silicone ou plástico e as válvulas de regulagem de ar usadas em conjunto com os compressores de ar). Água do aquário é introduzida a uma taxa de cerca de 2-4 gotas por segundo. Até recentemente, os dispositivos de aclimatação gotejamento eram feitos à mão e empregados principalmente por experientes aquaristas de recife. No entanto, esta técnica "avançada" de aclimatação pode ser utilizada pelos aquaristas amadores de todos os níveis, graças à disponibilidade de convenientes dispositivos de aclimatação gotejamento comerciais, ou feitos em casa.
Este método é considerado mais avançado. Ele é voltado para peixes mais sensíveis, tais como corais , camarões , estrelas do mar , e bodiões, tetras tais como néon e algumas Rásboras.
Desligue as luzes do aquário
Você precisará estar disposto a acompanhar todo o processo. Reúna um ambiente limpo, baldes de 5 litros designado somente para uso do aquário, ou embalagens plásticas com capacidade igual ao do recipiente de transporte. Use uma embalagem para cada saco de transporte se estiver aclimatando animais oriundos de vários sacos de transporte.
Comece com o método de flutuação para aclimatar a temperatura da água.
Cuidadosamente esvaziar o conteúdo dos sacos (incluindo a água) para os baldes, tomando cuidado para não expor invertebrados sensíveis ao ar. Dependendo da quantidade de água em cada saco, este pode necessitar de basculamento do balde ou pote com um ângulo de 45 graus para garantir que os animais são completamente submerso. Você pode precisar de um suporte ou cunha para ajudar a segurar o balde nesta posição até que haja bastante líquido no balde para colocá-lo de volta a uma posição nivelada.
Usando tubulação (mangueirinha) e registro de ar, faça um gotejamento (sifão) do aquário principal para cada balde ou recipiente. Você precisará de tubulação separada para cada balde ou recipiente que será usado.
Comece um sifão sugando na extremidade do tubo (mangueirinha) que você colocará em cada um dos baldes. Quando a água começa a fluir através da mangueirinha, ajuste o gotejamento (apertando o registro) a uma vazão de cerca de 2-4 gotas por segundo.Quando o volume de água no balde dobrar, descarte a metade e começe a gotejar de novo até que o volume dobre mais uma vez - cerca de uma hora.

OBS1: Nunca coloque uma pedra porosa dentro do saco de transporte quando estiver aclimatando a sua nova chegada, isto irá aumentar o pH da água de transporte rápido demais e expor sua nova chegada à amônia letal.
Não importa qual o método que os aquaristas empreguem o processo de aclimatação não deve ser apressado, devemos sempre ter em mente que o processo de transporte e aclimatação é fundamental para melhorar a taxa de sobrevida dos animais em nossos aquários.

OBS2: Devemos levar em consideração que os métodos descritos acima levam em consideração condições ótimas de transporte, ou seja, peixes que estão a pouco tempo no recipiente de transporte, com água em boas condições. Contudo existem situações em que a água do recipiente de transporte se torna tão insalubre (altos níveis de amônia, nitrito, nitrato, matéria orgânica em decomposição proveniente de fezes ou animais mortos) que se faz necessário uma ação rápida por parte do aquarista, pois a exposição a ambiente insalubre pode ser potencialmente muito mais nociva à saúde dos peixes e corais que alterações da química da água, principalmente em se tratando de água originalmente alcalina devido à maior toxicidade da amônia em ambiente alcalino.

OSMOREGULAÇÃO

Mortes inexplicadas sempre acontecem em nossos aquários. O peixe apresentava boa saúde na loja e morre logo depois de introduzido em nosso aquário, fazemos uma TPA e o peixe morre sem explicação. Como podemos explicar estes fatos? pH e a temperatura da água de reposição equilibrados, fazemos todas as técnicas de aclimatação e o peixe morre. Mudamos peixes de outros de aquários e dias depois o peixe morre. Porque?
Peixes marinhos e de água salobra vivem em água contendo muitos sais dissolvidos, contudo seus fluidos corporais não possuem a mesma quantidade de sal. Aprendemos na escola que a água flui de um meio diluído para um meio mais concentrado. Esta propriedade chama-se Pressão Osmótica. Assim, todo peixe de água salgada deveria perder sua água e desidratar, pois os sais dissolvidos em seus fluidos corpóreos estão em menor concentração em relação ao meio externo (água). De modo contrário, os peixes de água doce passam pelo inverso, pois existem mais sais dissolvidos em seus fluidos corporais em relação aos presentes na água. Portando existe a tendência da água entrar no peixe para diluir tais fluidos levando-o à morte. O que impede que estes dois fatos acima aconteçam é a Osmorregulação que mantém a pressão osmótica dos fluidos internos em face da concentração do meio externo diferente, este processo de osmorregulação e feito com grande consumo de energia.
Existem diversos tipos de sais dissolvidos na água de nossos aquários como carbonatos, bicarbonatos, nitratos e fosfatos de sódio, potássio, cálcio, magnésio, ferro e de diversos outros elementos, presentes em menor concentração, eles todos formam o que chamamos de Sólidos Totais Dissolvidos ou TDS (Total Dissolved Solids). A osmorregulação permite a troca de fluidos internos do peixe com o meio externo e é responsável entre outras funções pela excreção de toxinas como a amônia. Mudanças drásticas no TDS podem estressar e até matar o peixe. Por esse motivo, a aclimatação do peixe a novos valores de TDS é de vital importância e devemos sempre nos preocupar mais nesse item.
O TDS define a quantidade total de minerais contidos na água. Alguns deles contribuem para o aumento da Dureza Total como cálcio e magnésio, outros como sódio e potássio não contribuem para elevar nem a dureza total nem a parcial (dureza em carbonatos) mas mesmo assim estão presentes na água e tem papel importante na absorção de líquidos pelo peixe. Dessa forma, o TDS pode ser uma forma mais correta de avaliarmos as implicações desses minerais no metabolismo dos peixes do que somente a Dureza.
O TDS pode ser medido de três formas distintas: pela densidade da água, pela sua condutibilidade (condutivímetro) ou através de seu índice de refração (refratômetro). Podemos usar os valores de TDS para estimarmos ao GH e ao KH, significando que quanto maiores seus valores, maior deve ser o TDS, contudo devemos ter em mente que o valor de TDS leva em consideração todos os sólidos dissolvidos na água, inclusive matéria orgânica dissolvida e que para estimarmos com precisão GH e KH devemos usar kits específicos para tal. O TDS tem sua valia maior quando associamos seu valor com a densidade pois este parâmetro leva em consideração todos os sais dissolvidos na água.

Para manter sua osmoregulação equilibrada, um peixe que vive numa água contendo muitos sais dissolvidos teve que incorporar lentamente estes sais a seu organismo (lembre-se que a pressão osmótica não empurra nem puxa sais mas sim a água). Quando você o coloca em uma água com um TDS baixo a água tende a entrar no peixe para diluir seus sais internos. Isto o impede de excretar a amônia através de suas guelras e ele tende a inchar, forçando muito sua respiração e rins.
Movendo um peixe de uma água com baixo TDS para uma de alto TDS:
Dessa vez o peixe irá expelir mais água do que ele consegue beber e ele sofrerá desidratação.
Em ambos os casos pode-se levar o peixe a morte de muitos peixes que não foram devidamente aclimatados.
Ao comprar novos peixes é recomendável pedir ao lojista que faça todos os testes possíveis na água do aquário de onde o peixe veio e anotar os resultados, pois dependendo da distância entre a loja e sua casa, do tamanho do peixe e da quantidade de água presente no saco de transporte muitos dos parâmetros dessa água certamente irão variar até que você chegue à sua casa. É possível que exista amônia nessa água, quem sabe algum nitrito, provavelmente estará mais fria que na loja, com menos oxigênio, seu pH certamente terá caído um pouco e isso tudo pode alterar inclusive a dureza total (GH) e até mesmo a reserva alcalina dessa água (KH). Então, medir cada um desses parâmetros em casa pode não lhe dar uma visão correta da química da água do aquário do qual o peixe foi originariamente retirado. Se for fazer os testes em casa, peça ao lojista uma amostra da água do aquário à parte, num saco extra, somente contendo a água. As chances de erro nas medições agora serão menores.
Ao aclimatar o peixe, certifique-se que a água do aquário de quarentena/aclimatação possua um TDS o mais parecido possível com a água do saco do aquário da loja e não com o TDS da água de seu aquário. Se errar nas contas é melhor que você erre por excesso do que por falta. Em outras palavras, é melhor que a água da quarentena/aclimatação possua um TDS maior do que menor que a água do aquário da loja de peixes. Você pode se certificar disto fazendo com que tanto a dureza geral quanto a dureza de carbonatos da água de seu aquário de quarentena sejam maiores do que as da água da loja de peixes. Se for necessário elevar a dureza de sua água você pode usar cloreto de cálcio e sulfato de magnésio (Sal de Epson) para elevar a dureza total e bicarbonato de sódio para elevar a dureza em carbonatos. Há quem coloque também um pouco de sal de cozinha nessa água sob alegação de que ele facilita as trocas nas guelras, permitindo a melhor eliminação da amônia mas existem peixes sensíveis ao NaCl, (cascudos e coridoras) . O bicarbonato de sódio também exerce igual papel no desbloqueio das guelras.
Se seu problema for o inverso (a água de seu aquário tem um TDS maior que o da loja de peixes) seu problema é menos grave. Você poderá fazer a aclimatação em menos tempo e usando águas de trocas com valores de GH e KH maiores que os da água da loja.

Fotografias, vídeos, fotos e textos sob Licença Creative Commons.
Para utilização é necessária autorização prévia via E-Mail.
Leovan Dielle
Responsável Técnico – AquárioTop
“SEU PEIXE COMO NA NATUREZA”